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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"Olá! Eu queria fazer um estágio em sua oficina."

Essas e outras perguntas como: "Você ensina luthieria?" "Por qual motivo você não dá aulas de luthieria?" São comuns aqui em minha oficina. Fico grato por inspirar esse tipo de confiança e credibilidade nas pessoas.
Essas características que fazem com que as pessoas confiem em meus serviços, vêm de um conjunto de valores e preceitos que sigo em todas as atividades que pratico. Claro, as artes marciais têm um peso grande nesta formação.
Logo, nunca me senti à vontade com um aprendiz. Ficava me perguntando se meu nível de exigência é muito alto, se sou muito chato, ou algo do tipo.

Finalmente, após a leitura de um texto sobre cutelaria, encontrei o que eu procurava. Um compêndio contendo os "deveres do aprendiz", retirado daqui: http://berardofacascustom.blogspot.com.br/2013/08/de-geracao-em-geracao-perpetua-se-arte.html

Se você quiser realmente estagiar, aprender, enfim algo do tipo, leia os deveres abaixo e então se candidate. (se puder...)



Os deveres do Aprendiz:

1. Humildade: 



1. Humildade
No Japão o curso básico de forjador de espadas dura o tempo mínimo de cinco anos. Destes, o primeiro ano inteiro, o aluno apenas pica carvão para a forja e varre a oficina, não tendo contato com nenhum conteúdo técnico. Isso para exercitar a humildade e entender que nada sabe, para que depois de estar "espiritualmente" preparado, iniciar no aprendizado da arte .

Conheço a história de um judoca que saiu de Bauru/SP para aperfeiçoar seus estudos em um dojô de São Paulo. Chegou sem prévia apresentação e pediu morada e aprendizado ao Sensei da Capital. Passou a morar na academia, onde pelo primeiro ano e meio só varreu o tatame e lavou o banheiro, sem participar dos treinos. Depois de percebidos requisitos essenciais de humildade e persistência, tudo o que o mestre sabia lhe foi ensinado. Hoje o judoca de Bauru é um renomado Sensei em todo o Brasil, com vários alunos Campeões Brasileiros e integrantes da fortíssima Seleção Brasileira de Judô. Outros tempos...

O Cuteleiro Aprendiz deve esvaziar-se de sua arrogância e vaidade para ocupar este espaço com conhecimentos concretos. No início o aprendiz não deve ter vontade própria, pois ainda não tem personalidade profissional definida. Fará aquilo que seu mestre lhe determinar, da forma e quantas vezes lhe for mandado.
Se a lâmina tem riscos, lixará exaustivamente até que não reste nenhum, para não adquirir o vício de fazer mal feito. Não poderá querer fazer este ou aquele modelo. Fará aquilo que seu orientador determinar como sendo o mais adequado para sua fase de aprendizado.

É perfeitamente normal que na fase embrionária da carreira, as facas do aprendiz tenham a cara do trabalho de seu mestre. Óbvio, o mestre é sua referência! É claro que, depois de desenvolvidas habilidades básicas, o aprendiz pode e deve tomar outros rumos e desenvolver um trabalho que tenha sua própria cara.

2.Disciplina:


É simplesmente impensável que na vida alguém consiga fazer algo bem feito ou mesmo concluir um projeto satisfatoriamente sem que tenha disciplina. Para nossa cultura tupiniquim é um conceito meio careta, fora de moda e contra-cultura.

Depois de 3 décadas de prática de judô e de 2 décadas de vida militar, a meu modo, definiria disciplina como "fazer o que deve ser feito, do modo que deve ser feito, sem a necessidade de ser mandado ou de sofrer alguma fiscalização.

Não é necessário discorrer muito sobre esse tema, pois para aprender como se espera é necessário ter horário para fazer as coisas, seguir regras e cumprir tudo o que foi acordado. Fora disto é perda de tempo!

3.Persistência:

Quem se predispuser a aprender cutelaria tem que antes de tudo, ter em mente que é um caminho extremamente árduo, penoso, sacrificante e que se levará vários anos, cometendo erros por vezes estúpidos até que seja considerado bom. Entretanto os erros não deixarão de existir, somente diminuirão de incidência.
Persistir é preciso! 

4.Ética:


Infelizmente, não só na cutelaria custom, mas em todo ramo de atividade humana onde hajam mais de uma pessoa, será frequente as críticas, maledicências, sacanagens, etc.
O aprendiz deve portar-se como se vivesse sozinho no mundo, não tendo ninguém pra falar mal e tendo como referencial para superar, si mesmo. Não é necessário ser melhor que fulano ou ciclano para ser bom cuteleiro. Basta ser amanhã, melhor do que foi hoje. Evolução constante e foco naquilo que tem como meta, não nos outros e em suas vidas!

5.Gratidão:


A falta de sentimento de gratidão também é um comportamento comum aos povos ocidentais. Somos em nossa maioria egoístas, indiferentes, ingratos e individualistas.

O aprendiz não pode esquecer de cultuar e manifestar o sentimento de gratidão por seu mestre, bem como por todos aqueles que o orientaram e ajudaram nos primeiros passos.

6.Reverência:


Yasuhiro Yamashita é o maior judoca de todos os tempos. Durante os últimos 13 anos de sua carreira competitiva ele não só foi invencível, como ninguém no mundo inteiro conseguiu fazê-lo cair sentado no tatame, quanto mais projetá-lo.

Para um campeão de boxe, ficar alguns anos invicto já é difícil, mesmo lutando apenas 2 ou 3 vezes por ano. Acontece que um judoca de alto nível faz 6 ou 7 lutas à cada quinze dias. Assim dá pra mensurar o nível de Yamashita no judô.


Na década de 80, Yamashita e seu professor vieram ao Brasil para ministrarem um curso. Em dado momento foi-lhe solicitado que projetasse seu professor, para demonstrar uma determinada técnica.
Ocorre que devido à brilhante carreira do supercampeão, ele, naquela circunstância já tinha graduação superior à de seu professor, além de ter todos os maiores títulos do judô mundial várias vezes. Ou seja, era superior a seu  professor.
Tratava-se do Pelé do Judô, o maior vencedor, mais ovacionado e famoso judoca da história. Seu professor... apenas um faixa preta entre milhões!
Yamashita recusou-se a jogar seu professor ao tatame. Insistiram-lhe e ele terminantemente recusou-se, explicando aos presentes que ainda que seu professor fosse de graduação inferior, era e sempre seria seu mestre.
Isto é reverência!
É claro que nestes itens caberiam outros quesitos a serem classificados como deveres do aprendiz, entretanto procurei elencar aqueles que julgo imprescindíveis.
 

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